Eu imaginava sempre a mesma cena: a bola não muita alta, velocidade perfeita e ...voleio. Acerto de primeira, sem dominar, sem nada, e sem cair no chão.
- Opa. Sem cair?
Isso. Consigo ver a bola entrando e reajo com desdém, porque é comum pra mim.
- É comum pra você?
Não, só na imaginação. É comum no personagem eu da minha imaginação. O cara que dá voleio com desdém.
- Desdém dos que se sujam?
Essa cena ficou girando na minha cabeça por dias e dias. Queria dar um voleio, sem precisar de motivo ou situação.Entende? Pensava no voleio andando, trabalhando, comendo. A bola vinha e eu chutava.
- E deu?
Deu. Dei. Isso foi o mais estranho. Acredita em pensamento positivo, poder da mente, essas coisas?
- Não.
Eu tava indo pro trabalho e um garoto na rua me olhou e lançou a bola perfeita. Assim, do nada. E foi. Pequei na veia, como aquela do Zidane. Sabe?
- Aquela bem famosa?
Bem essa. E pronto, matei a vontade.
- Burro. Aquela bem famosa é um sem-pulo. Voleio é Bebeto contra a Argentina.
Sem-pulo? Não pode se chamar sem pulo. Pode ser um voleio "sem-pulo".
- Sem-pulo é sem-pulo, voleio é voleio. E você sabe muito bem disso. Tem que saltar e depois cair no chão, tipo o Giuly.
Ah, putz. Quem é Giuly?
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